Colheita farta na economia

Tupanciretã sedia a abertura oficial da safra neste sábado

Juliana Gelatti

Mais uma vez, a colheita da soja no Estado será aberta oficialmente em clima de otimismo. Os excelentes números da safra passada tiveram efeito de fertilizante na economia gaúcha, movimentando diversos setores da indústria, do comércio e dos serviços. O principal produto do agronegócio já é considerado o motor da economia no Rio Grande do Sul. E, neste ano, com uma colheita que promete pelo menos repetir os resultados da supersafra 2012/2013, o Estado vislumbra um horizonte promissor. Porém, nas próximas semanas, as estradas rumo aos portos deverão ficar cheias de caminhões, com filas do tamanho dos prejuízos que o setor tem com a dependência do modal rodoviário e das más condições da logística no país.

Na manhã deste sábado, o ministro da agricultura, Neri Geller, o governador Tarso Genro e outras autoridades se reúnem em Tupanciretã para brindar a promessa de mais uma supersafra. Além da comemoração, são esperados anúncios relativos ao Plano Safra e aos demais incentivos do governo ao setor agrícola.
Para produtores e técnicos, ainda é cedo para confirmar os números projetados para as lavouras. A insegurança é quanto à produtividade, ameaçada em algumas regiões por conta dos dias de calor intenso e sol forte registrados em janeiro. Em Unistalda, por exemplo, os produtores devem pedir ajuda ao seguro agrícola por conta da estiagem.

No seu primeiro dia de colheita, na sexta-feira, Max Saulo de Oliveira Rolim, 26 anos, surpreendeu-se com a produtividade:
- Eu esperava colher menos, porque aqui o calor foi forte. Mas está bom. Com esse preço, vai dar para trabalhar com mais tranquilidade - relata o agricultor de Itaara, contando que 20% da sua produção já está vendida a R$ 65 a saca de 60kg.
Mesmo que não se repitam os recordes da última colheita, os agricultores estão tranquilos quanto à possiblidade de quitar débitos antigos e ficar em dia para novos investimentos. Investimentos que devem movimentar, entre outros setores, a indústria de implementos agrícolas, gerando emprego e renda nas cidades.

Um pré-sal que fica pela estrada

O gargalo que a infraestrutura logística representa para a produção agrícola é consenso para quem observa e analisa a economia gaúcha. O presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, faz a conta: o potencial de lucros calculados para a exploração de petróleo do pré-sal é o que o país vem perdendo com a logística precária para escoar a safra:
- O governo está investindo tanto para que o petróleo gere R$ 1 trilhão em 35 anos. Se nós não ficássemos tão atrás dos nossos concorrentes internacionais em relação à armazenagem e ao transporte de grãos, teríamos ganhos ainda maiores do que o pré-sal apenas ao evitar os prejuízos que estamos tendo.

Três quartos do que as lavouras colhem no Estado vão até os portos por via rodoviária. Com isso, a flutuação do preço do frete, os atrasos já previstos no embarque das cargas e o gasto crescente com as más condições das estradas colocam em uma perspectiva pessimista os ganhos de produtividade alcançados com os avanços tecnológicos. De acordo com Gilberto Marasca, gerente comercial da cerealista Marasca, neste começo de colheita os preços dos fretes já estão de 20% a 25% mais altos do que na mesma época do ano passado:
- Anteriormente, o preço subia no auge da colheita e, depois, voltava a um patamar razoável. Agora, o custo ainda não tinha baixado pela entressafra quando teve nova alta.

Marasca acrescenta que uma peculiaridade deste ano é que, por conta do baixo preço que vem sendo pago pelo trigo, os triticultores ainda não terminaram de vender o que colheram no fim do inverno. Segundo ele, 30% da produção de 2013 continua ocupando espaço nos armazéns. Com isso, o sojicultor está tendo de escoar rapidamente para o porto. Mas o porto também tem um limite. O aumento na produtividade e na velocidade da colheita, em comparação com cinco anos atrás, pressiona a capacidade de estoque e de es

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